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BRT Campinas | Observações acerca do projeto

No dia 30 de janeiro de 2015, foi realizada diligência dos integrantes do grupo de ciclo-ativistas, Pé na Estrada Bike Clube, à sede da EMDEC com intuito de tomar conhecimento das recentes mudanças no projeto do BRT (Bus Rapid Transit – Ônibus de Transporte Rápido). O pedido de vistas e cópia do projeto foi formalizado através de ofício do grupo e teve imediata concordância do Secretário de Trânsito e Transportes do Município. Para nos apresentar o escopo da obra foi indicado o Engenheiro de Projetos da EMDEC, que nos atendeu muito bem e demonstrou possuir amplo conhecimento do projeto.

O que motivou a visita foram as especulações acerca da retirada das ciclovias previstas, originalmente, ao longo de todo o corredor de ônibus da Avenida John Boyd Dunlop, contemplando toda a sua extensão de 17 KM. A megaobra de mobilidade está sendo financiada pelo Governo Federal, através de recursos do PAC 02 (Programa de Aceleração do Crescimento da Mobilidade Urbana), e deve atender as exigências do pacto pela mobilidade urbana, favorecendo o transporte de massa e não motorizado. Mesmo tendo a verba aprovada desde abril de 2012, pela União, o tempo passou, a administração mudou e não é possível dizer que o projeto esteja pronto. Conforme relatou o próprio Engenheiro da EMDEC, muitos ajustes ainda estão sendo feitos para, somente depois, iniciar os processos licitatórios. De fato, o projeto sofreu inúmeras mudanças desde a sua concepção e aprovação, incluindo a retirada da ciclovia ao longo do corredor da Avenida John Boyd Dunlop. A ciclomobilidade que, inicialmente, facilitou a aprovação da obra, foi arbitrariamente excluída do projeto pela atual gestão do Prefeito Jonas Donizette e seus inexperientes Secretários de trânsito. Segundo o engenheiro que nos recebeu, a ciclovia foi retirada por causa das estações de transferência que ocupará o canteiro central. Entretanto, parece bem claro que isto não passa de uma desculpa ingênua, pois, o verdadeiro motivo por trás disso é que a verba não será suficiente para comportar as alterações pretendidas pelo atual Governo e as ciclovias foram excluídas para “enxugar custos”. Pelo mesmo motivo toda a obra está comprometida, uma vez que a demora e os desacertos da administração faz com que o tempo deprecie a verba e engorde o orçamento, colocando em risco a conclusão da obra que, atualmente, já não será possível com a verba prevista (338 milhões, entre verba do orçamento da União, do BNDES e da contrapartida da Prefeitura). Com efeito, a previsão da EMDEC é que a obra custaria, atualmente, mais de 600 milhões. Isso sem contar as adversidades que surgem ao longo da construção, que encarecem ainda mais a obra. Ou seja, na atual conjuntura, a obra do BRT propagandeada pelo Governo não ficará pronta! A tristeza é tentar saber qual o trecho, ou qual o corredor, será escolhido para receber os 338 milhões, já que a outra metade da obra não terá verba. Certamente o Governo não pretende informar isso à população e causará um grande caos em nossas vidas ao começar a obra no ano de eleição para, depois, abandoná-la por falta de verba. Daí a importância do nosso trabalho, já que, antes de sermos ciclistas, somos moradores do Campo Grande. Como integrantes do Conselho de Trânsito e da Comissão de Mobilidade do Campo Grande, passamos a expor as intervenções pretendidas com o projeto do BRT no Corredor da Avenida John Boyd Dunlop. Uma das importantes alterações no projeto é a extensão do corredor John Boyd até o Terminal Mercado, sendo que, inicialmente, a obra acabava no Terminal Rodoviário. Da Rodoviária, segue pelo leito do VLT desativado até a Vila Aurocan, onde acessa a John Boyd Dunlop, através de um Viaduto a ser construído. Na altura do Supermercado Enxuto terá apenas Ponto de ônibus e obra de transposição apenas para o BRT. No cruzamento com a Avenida Transamazônica, no Jardim Garcia, será construído um Viaduto onde a Avenida John Boyd será elevada, eliminando o semáforo naquele trecho. No Londres terá Estação de Transferência, com embarque direto, mas não haverá transposição na via. No Shopping Parque das Bandeiras, fomos informados de que o projeto assinado pelo TAC (Protocolado Nº 2009/11/9124) será alterado. Ao contrário do termo anteriormente ajustado, o Shopping pretende agora construir duas entradas menores e não mais uma única entrada com grande fluxo. Com isso, as famílias da Rua Hermano Penteado, no bairro Ipaussurama, não seriam mais removidas, uma vez que a Rua não seria alargada como pretendido anteriormente. O novo projeto para o local prevê a construção de uma alça de retorno, elevada sobre a John Boyd, na entrada 01 do Shopping e outra, também elevada, na entrada 02, eliminando o semáforo do local. Esta mudança, que certamente é mais econômica para o empreendimento, representa, também, um retrocesso na possibilidade de realização da tão sonhada via de acesso à Bandeirantes pelo Campo Grande. O projeto mais viável contava com a construção de uma vicinal, passando pela Fazenda, até a Rodovia Adalberto Panzan, possibilitando atingir a Bandeirantes ou Anhanguera, reduzindo o fluxo na John Boyd. Além disso, as alças de retorno vão dificultar a construção da ciclovia no eixo da avenida, ao contrário do viaduto anteriormente previsto. Outra intervenção é a duplicação da ponte sobre a Rodovia Bandeirantes. Será aproveitada a ponte atual e construída uma nova do lado direito sentido bairro. A nova ponte terá somente três faixas de rolamento, sendo uma para o BRT e outras duas para carros. Na ponte antiga, passará o BRT, veículos e uma faixa será destinada para ciclovias (somente na ponte). Haverá outra Estação de transferência no Satélite Íris, antes da Pirelli. O local é mais próximo do futuro Instituto Federal, em construção. No Jardim Florence, na linha férrea, haverá a destruição do viaduto antigo para construção de um novo no formato do que foi recentemente construído para a duplicação da linha. O viaduto novo possui um espaço de três faixas do lado direito e quatro faixas do lado esquerdo (sentido bairro), prevendo ciclovias (apenas sob o viaduto) e passagem de pedestres. O viaduto da nova linha férrea já está totalmente construído, com as colunas aterradas e as passagens das marginas da John Boyd Dunlop, bastando remover a terra. No cruzamento com a Avenida Dr. Luiz Henrique Geovanete será construído um viaduto elevando a John Boyd Dunlop, que eliminará o semáforo, permitindo o acesso da avenida nos dois sentidos para o Florence 2. As pontes sobre o Córrego Piçarrão serão destruídas, pois, não possuem estrutura para o BRT. Novas pontes mais largas serão construídas no mesmo local. Outra importante modificação será a construção do Novo Terminal do Campo Grande. Será construído no terreno à frente do posto Ipiranga, na entrada do Bairro Sulamérica/Santa Rosa. O Terminal marca também o fim da faixa exclusiva para o BRT. Daí em diante os ônibus seguirão até o Terminal Itajaí, por faixa exclusiva ou preferencial, de acordo com o trecho. Desta forma não haverá intervenções significativas na Praça da Concórdia, onde haverá uma parada de ônibus. O trajeto mais provável até o Terminal Itajaí é pela Praça João Amazonas. Importante destacar que o BRT, neste formato, vai permitir o deslocamento com mais rapidez, especialmente pelas intervenções na Avenida. Mas, não necessariamente vai diminuir o tempo de viagem para todos os usuários. Os ônibus do corredor não adentrarão nos bairros. Isso obrigará as pessoas a se deslocarem até a Avenida, seja em ônibus complementares ou outros meios. Desta forma, se os ônibus alimentadores não forem eficientes, o tempo da viagem poderá aumentar para algumas pessoas. Além disso, não haverá ônibus do bairro com linha direta ao centro, o que obrigará a grande maioria dos moradores a usar, pelo menos, dois ônibus para o deslocamento. Nas circunstâncias que encontramos o projeto do BRT de Campinas e considerando as atrapalhadas intervenções do Prefeito Jonas Donizete temos receio de que esta obra nem comece. E, se começar, temos receio de que ela não termine, pois, a verba cobre apenas metade do orçamento total, estimado, por baixo, em mais de 600 milhões. Esperamos, também, que não haja uso eleitoral deste projeto, pois, está bem claro que a atual Administração Municipal comprometeu seriamente sua viabilidade e os responsáveis devem ser punidos pelo prejuízo causado ao povo. O que nos resta, enquanto movimento de ciclistas e representantes do povo do Campo Grande no Conselho de Trânsito, é manter a população informada e continuar lutando pelo direito constitucional a uma mobilidade urbana eficiente e segura. Estamos fartos de promessas eleitoreiras e horas diárias perdidas no trânsito da região. Só o povo consciente e muita pressão popular farão com que os políticos tenham mais seriedade com nossos problemas e sejam mais zelosos com o dinheiro público. Não aceitaremos que o Projeto do BRT seja usado como mecanismo de captação de votos e, passadas as eleições, os interesses do povo sejam ignorados. Exigimos transparência e responsabilidade com o dinheiro público! Pé-Na-Estrada Bike Clube!

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